O número de pessoas que sofrem de doenças renais é muito grande. Algumas sofrem de doenças que não são graves. Outras apresentam doenças como a diabetes e pressão alta que, se não tratadas de maneira correta, podem levar à falência total do funcionamento renal. E, finalmente, existem pessoas que quando sentem alguma coisa, já têm os rins totalmente paralisados. Quando os rins já não funcionam corretamente, há a necessidade de se fazer diálise. Na maioria das vezes o tratamento deve ser feito para o resto da vida, se não houver possibilidade de ser submetido a um transplante renal. A cada ano o cerca 21.000 brasileiros precisam iniciar tratamento por hemodiálise ou diálise peritoneal. Raros são aqueles que conseguem ter pelo menos uma parte do funcionamento dos rins recuperada, o bastante para deixarem de necessitar de diálise e poucos têm a sorte de receber um transplante renal. A cada ano somente 2.700 brasileiros são submetidos a um transplante renal! Conhecer as características e o funcionamento dos rins é muito importante para se ter uma idéia do que são as doenças renais, como detecta-las, como evita-las e como trata-las. Autor: Dr. João Egidio Romão Junior Professor Livre-Docente de Nefrologia da Faculdade de Medicina - USP Data de atualização: Out/04 |
O trato urinário normalmente é formado por dois rins, dois ureteres, uma bexiga e uma uretra. Esta estrutura é mostrada na figura ao lado. Os rins (normalmente são dois) estão localizados na porção posterior do abdome e suas extremidades superiores estão localizadas na altura dos arcos costais mais inferiores (10ª a 12ª costelas torácicas). O rim direito quase sempre é menor e está situado um pouco abaixo do rim esquerdo. Os rins se movimentam (para baixo e para cima) de acordo com a respiração da pessoa. |
Cada rim tem a forma de um grande grão de feijão e as seguintes dimensões em um adulto Altura = 10 - 13 cm | Largura = 5 - 7 cm | Profundidade = 2,5 - 3 cm | Peso = 120 - 180 gramas |
| Os rins estão envolvidos por uma fina membrana, a chamada cápsula renal. Ao redor deles existe a gordura peri-renal e, acima, estão localizadas as glândulas supra-renais. No hilo renal entram e saem uma série de estruturas: a artéria renal, a veia renal, o ureter, os nervos renais e os vasos linfáticos renais. O sangue chega aos rins através das artérias renais. As artérias renais originam-se na artéria aorta abdominal. Após circular pelos rins, o sangue retorna à veia cava abdominal através das veias renais. Os rins recebem cerca de 1,2 litros de sangue por minuto, ou seja, cerca de um quarto do sangue bombeado pelo coração. Podemos dizer que os rins filtram todo o sangue de uma pessoa cerca de 12 vezes por hora! |
O balanço sadio da química interna de nossos corpos se deve em grande parte ao trabalho dos rins. Embora sejam pequenos (cada rim tem o tamanho aproximado de 10 centímetros), nossa sobrevivência depende do funcionamento normal destes órgãos vitais. Os rins são responsáveis por quatro funções no organismo: Eliminação de toxinas do sangue por um sistema de filtração. Regulam a formação do sangue e a produção dos glóbulos vermelhos. Regulam nossa pressão sangüínea. Controle do delicado balanço químico e de líquidos de nosso corpo. | Eliminação de toxinas De maneira muito parecida ao trabalho dos filtros, os rins trabalham para conservar o corpo livre de toxinas. O sangue entra nos rins através da artéria renal. Uma vez que o sangue chega aos rins, as toxinas são filtradas para a urina. O sangue limpo volta ao coração por uma veia renal. Produção de glóbulos vermelhos e formação de ossos A formação de ossos sadios e a produção dos glóbulos vermelhos no sangue necessitam da função normal de nossos rins. Em primeiro lugar afetam a formação dos ossos porque regularizam as concentrações de cálcio e de fósforo no sangue e produzem uma forma ativa da Vitamina D. Em segundo lugar os rins liberam o hormônio chamado de eritropoetina que ajuda na maturação dos glóbulos vermelhos do sangue e da medula óssea. A falta deste hormônio pode causar anemia. Regulação de pressão sangüínea A pressão alta sangüínea (hipertensão) pode ser a causa ou também o resultado da enfermidade renal. O controle da pressão arterial sangüínea também é uma função dos rins. Estes órgãos controlam as concentrações de sódio e a quantidade de líquido no corpo. Quando os rins falham e não cumprem com estas funções vitais. A pressão sangüínea pode elevar-se e pode ocasionar inchaço (edema). Os rins também secretam uma substância que se chama renina. A renina estimula a produção de um hormônio que eleva a pressão sangüínea. Quando os rins não funcionam bem se produz renina em excesso e isto pode resultam em hipertensão. A hipertensão prolongada danifica os vasos sangüíneos, causando assim falha renal. Controle do balanço químico e de líquido do corpo Quando os rins não funcionam apropriadamente, as toxinas se acumulam no sangue. Isto resulta em uma condição muito séria conhecida como uremia. Os sintomas da uremia incluem: náuseas, debilidade, fadiga, desorientação, dispnéia e edema nos braços e pernas. Há toxinas que se acumulam no sangue e que podem ser usadas para avaliar a gravidade do problema. As principais substâncias mais comumente usadas para este propósito se chamam uréia e creatinina. A enfermidade dos rins se associa freqüentemente com níveis elevados de uréia e de creatinina. |
É a perda das funções dos rins, podendo ser aguda ou crônica. Insuficiência Renal Aguda Em alguns pacientes com doenças graves, os rins podem parar de funcionar de maneira rápida, porém temporária. Rápida porque a função renal é perdida em algumas horas e temporária porque os rins podem voltar a funcionar após algumas semanas. A esta situação os médicos chamam de insuficiência renal aguda. Em muitas ocasiões o paciente necessita de ser mantido com tratamento por diálise até que os rins voltem a funcionar. Insuficiência Renal Crônica Insuficiência renal crônica é a perda lenta, progressiva e irreversível das funções renais. Por ser lenta e progressiva, esta perda resulta em processos adaptativos que, até um certo ponto, mantêm o paciente sem sintomas da doença. Até que tenha perdido cerca de 50% de sua função renal, os pacientes permanecem quase que sem sintomas. A partir daí podem aparecer sintomas e sinais que nem sempre incomodam muito o paciente. Assim, anemia leve, pressão alta, edema (inchaço) dos olhos e pés, mudança nos hábitos de urinar (levantar diversas vezes à noite para urinar) e do aceito da urina (urina muito clara, sangue na urina, etc.). Deste ponto até que os rins estejam funcionando somente 10-12% da função renal normal, pode-se tratar os pacientes com medicamentos e dieta. Quando a função renal se reduz abaixo destes valores, torna-se necessário o uso de outros métodos de tratamento da insuficiência renal: diálise ou transplante renal. Sinais e Sintomas de Disfunção Renal Muitos são os sinais e sintomas que aparecem quando a pessoa começa a ter problemas renais. Alguns são mais freqüentes, embora eles não sejam necessariamente conseqüência de problemas renais: Alteração na cor da urina (fica parecida com coca-cola ou sanguinolenta) Dor ou ardor quando estiver urinando Passar a urinar toda hora Levantar mais de uma vez à noite para urinar Inchaço dos tornozelos ou ao redor dos olhos Dor lombar Pressão sangüínea elevada Anemia (palidez anormal) Fraqueza e desânimo constante Náuseas e vômitos freqüentes pela manhã. Caso qualquer destes sinais ou sintomas apareça, procure imediatamente um médico de sua confiança. |
Diversas são as doenças que levam à insuficiência renal crônica. As três mais comuns são a hipertensão arterial, a diabetes e a glomerulonefrite. A hipertensão arterial (pressão alta) é outra importante causa de insuficiência renal. Como os rins são os responsáveis no organismo pelo controle da pressão, quando eles não funcionam adequadamente, há subida na pressão arterial que, por sua vez, leva à piora da disfunção renal, fechando assim um ciclo de agressão aos rins. O controle correto da pressão arterial é um dos pontos principais na prevenção da insuficiência renal e da necessidade de se fazer diálise. O diabetes é uma das mais importantes causas de falência dos rins, com um número crescente de casos. Após cerca de 15 anos de diabetes, alguns pacientes começam a ter problemas renais. As primeiras manifestações são a perda de proteínas na urina (proteinúria), o aparecimento de pressão arterial alta e, mais tarde, o aumento da uréia e da creatinina do sangue. Uma causa muito freqüente de insuficiência renal é a glomerulonefrite (“nefrite crônica”). Ela resulta de uma inflamação crônica dos rins. Depois de algum tempo, se a inflamação não é curada ou controlada, pode haver perda total das funções dos rins. Outras causas de insuficiência renal são: rins policíticos (grandes e numerosos cistos crescem nos rins, destruindo-os), a pielonefrite (infecções urinárias repetidas devido à presença de alterações no trato urinário, pedras, obstruções, etc.) e doenças congênitas (“de nascença”). |
-Pressão Alta -Diabetes -Dificuldade de urinar -Queimação ou dor quando urina -Urinar muitas vezes, principalmente à noite -Urina com aspecto sanguinolento -Urina com muita espuma -Inchaço ao redor dos olhos e nas pernas -Dor lombar, que não piora com movimentos -História de pedras nos rins |
Dia Mundial do Diabetes O Dia Mundial do Diabetes doi comemorado em 14 de novembro de 2003 e teve como tema para este ano a Doença Renal, uma das complicações ocasionadas pela diabetes, doença que atinge 6 milhões de brasileiros. O objetivo da campanha foi a conscientização dos diabéticos para a mudança de comportamento, o que pode contribuir para o controle da doença, a preservação das funções laborativas e ainda trazer ganhos em qualidade de vida. O Dia Mundial do Diabetes também é destinado às pessoas do grupo de risco e às que desconhecem que têm a doença. O Diabetes Mellitus - conjunto heterogêneo de doenças em que se configura o aumento da glicose - é a principal causa de falência renal no mundo industrializado. Aproximadamente 25% das pessoas com diabetes tipo 1 e de 5% a 10% do tipo 2 desenvolve insuficiência nos rins. Qualquer pessoa com diabetes - tipo 1 ou 2 - corre o risco de desenvolver uma doença renal. A nefropatia diabética se manifesta em torno de 20 a 30 anos depois de o paciente contrair diabetes. A doença nos rins não apresenta sintomas precoces. Além de invisível, o processo de danificação dos rins é irreversível e pode progredir até converter-se em insuficiência renal crônica terminal. Além disso, muitos pacientes diabéticos apresentam problemas nos membros inferiores. O diabetes é a causa mais comum de amputação não-traumática. A pessoa com diabetes tem uma probabilidade entre 15 a 40 vezes maior de necessitar de amputação. O pé de um paciente com Diabetes Mellitus pode ser acometido - em caso de desdobramentos mais complexos e devastadores - de insensibilidade e/ou deformidades, o que contribui em 90% dos casos de ulcerações. De um modo geral, 40% dos pacientes diabéticos apresentam alguma forma de neuropatia diabética. De acordo com dados do Sistema de Internação Hospitalar do SUS (SIH/SUS), foram realizadas aproximadamente 5 mil amputações no ano de 2002. Deste total, estima-se que entre 5% e 10% foram decorrentes de complicações da diabetes. O diagnóstico da doença não é complexo. O diabetes pode ser detectado por meio de testes simples que pesquisam a presença de açúcar na urina ou que avaliam a quantidade desta substância no sangue. Contudo, o diagnóstico deve ser comprovado através do exame laboratorial de sangue (glicemia). Diabetes no mundo - Existem mais de 190 milhões de pessoas com diabetes no mundo. Projeções estimam que esse número crescerá para 330 milhões até o ano de 2025, devido em grande parte ao crescimento da população, ao envelhecimento desta e à urbanização. Este último fenômeno traz como conseqüências a alimentação pouco saudável e a falta de exercício físico - o que pode ocasionar a obesidade. Esta é considerada um fator de risco e é, atualmente, um dos focos das ações de saúde pública. Fatores de Risco para a Diabetes Mellitus: Idade igual ou superior a 45 anos; História familiar de Diabetes Mellitus (pais,filhos e irmãos); Excesso de peso (IMC igual ou maior a 25Kg/m²); Sedentarismo; Taxa de HDL-c ("bom" colesterol) baixa ou de triglicérideos elevada; Hipertensão Arterial; Diabetes Mellitus gestacional prévio; Macrossomia ou história de abortos de repetição ou mortalidade perinatal; Uso de medicamentos hiperglicemiantes (corticosteróides, tiazídicos, betabloqueadores). Postado por: Antonio Soares da Silva. |
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir